quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Estilhaços eleitorais

Caros companheiros, aqui partilho algumas das coisas que tenho andado a pensar desde o passado domingo e que publiquei no meu blog pessoal.

Já lá vão uns dias desde que fomos a votos. Eu gosto de votar. Sinto-me importante quando voto, sinto que estou a expressar a minha vontade para o futuro de Portugal. É uma sensação boa. Infelizmente e como vem sendo hábito em muito actos eleitorais a abstenção foi grande.

O resultado é sobejamente conhecido, não o vou esmiuçar mais. Quero falar das possíveis causas que levaram a um resultado tão decepcionante do MEP.
Foi uma tremenda desilusão. Quando apareceram os primeiros resultados ainda havia alguma esperança de que o voto urbano se viesse a reflectir, fazendo subir o resultado do MEP. À medida que a noite eleitoral ia avançando, essa esperança foi-se paulatinamente diluindo. Como foi possível em poucos meses perder 30000 votos?
Foi deste ponto que comecei. Em primeiro lugar foi um erro querer transpor resultados das eleições europeias para as legislativas. São coisas diferentes, com métodos diferentes de atribuição de mandatos, e com um sentido diferente de proximidade para os portugueses que vivem em Portugal. Pela distância, dá a sensação que o parlamento europeu tem pouca influência na vida do dia-a-dia. Talvez por isso, o apelo ao voto útil passa despercebido. Mais mandato ou menos mandato, os grandes partidos não se importam muito com os resultados.
Mas o resultado das europeias era a única referência que tínhamos, e por isso foi legítimo que nos baseássemos nele. Por isso, a fasquia colocada era alta. Também por isso a desilusão foi ainda maior. O certo é que foi essa fasquia que foi alimentando a campanha, e que mobilizou muita gente para o MEP e para a campanha extraordinária que fizemos.
Faltou-nos no entanto fazer entender que o voto MEP seria um voto útil. Houve muito esforço neste sentido, mas claramente os eleitores não pensaram assim. Assumindo um posicionamento no espectro político ao centro, corremos este risco. Muitos dos que confiaram no MEP nas europeias decidiram votar nos partidos que poderiam vencer as eleições.
Houve também uma forte mobilização para que Sócrates saísse do governo. Era um contra todos os outros, e isso fez que o principal objectivo destas eleições fosse derrubar Sócrates e não eleger os nossos representantes na Assembleia da República. Parece-me Sócrates acabou por beneficiar desta luta. O MEP saiu bastante prejudicado. Não atingiu nenhum dos objectivos que se propôs, eleger deputados e atingir os 50000 votos para receber a subvenção dos estado (já li que o MRPP, apesar de os ter atingido pode não vir a receber a dita subvenção).

O tempo agora é de análise e reflexão sobre estes resultados. Posso dizer que neste momento há mais pessoas a conhecer o MEP. Mas mesmo assim, nos útlimos minutos de campanha havia gente que ainda não tinha ouvido falar de nós. O esforço foi grande, mas não o suficiente. A falta de exposição mediática é um problema para que um pequeno partido ultrapasse essa barreira que é chegar ao parlamento. Continuo a pensar que há muita gente que se identifica e vê sentido na propostas de MEP e que nestas eleições votou noutro partido. Por isso, ao contrário de outros projectos de natureza política em que estive envolvido, não estou com vontade de baixar os braços. Acho que o MEP deve sobreviver a este forte abanão, crescer com ele e com humildade trabalhar para que se possa apresentar de novo a eleições daqui a 4 anos. Existe muito caminho a percorrer neste tempo. Acho que esta decepção pode ser aproveitada para nos tornar mais fortes.

Espero sinceramente que a legislatura possa durar 4 anos. Espero que o governo tenha a humildade de conseguir dialogar com a oposição e que os partidos da oposição tenham um sentido de estado, para que o fim da crise e a prosperidade regressem rapidamente a Portugal. Se assim for, o resultado das eleições foi positivo para o país.

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